quinta-feira, 2 de outubro de 2014


Persistem problemas de reassentamento em Tete

- Jindal ainda tem comunidades em risco dentro da área de mineração

A empresa Jindal Mozambique, uma sucursal indiana, é apontada por organizações ambientais como uma das que ainda não resolveu os problemas de reassentamento das populações na zona em que efectua a exploração mineira. O uso de dinamite para facilitar a extracção do carvão no local resulta em nuvens de poeira de carvão que afectam gravemente a saúde das pessoas que vivem no raio de um quilómetro da mina. 

 Texto: Elísio Muchanga

Segundo Anabela Lemos, directora da Justiça Ambiental, falando recentemente ao Magazine, ainda persistem problemas relacionados com o reassentamento e melhoria de condições de vida das comunidades abrangidas pela exploração mineira naquela província do País.
Dos problemas arrolados por ela figuram as comunidades que ainda habitam dentro das zonas de exploração mineira correndo todo o tipo de riscos existentes.

Ainda há muitos problemas que continuam sem serem resolvidos, a questão dos oleiros continua, pois estes ainda se queixam de que não estão a ser pagos uma justa indemnização por aquilo que eles tinham direito”, disse a fonte.
Por outro lado, Lemos frisou que a questão de reassentamento das comunidades ainda continua um problema. No caso da Jindal, ainda tem uma comunidade a viver dentro da área de exploração mineira que ainda não foi sequer realocada e os impactos que a mina está a causar.

De acordo com a directora da Justiça Ambiental, ainda não há um plano pelo menos de recolocar estas comunidades ainda este ano. “O problema é grave porque há muitas intimidações, pois para poder falar com as comunidades é um problema. Já fomos por duas vezes para falar com as comunidades e fomos corridos”.
Acrescentou que “isto porque a comunidade pertence à Jindal, não é livre para falar com quem quiser. Para chegarmos à comunidade temos que passar por uma cancela que dá acesso à mina. É incompreensível o que está a passar-se em Tete e cada vez mais piora”.
Adiante Lemos frisou que não há muita documentação sobre a Jindal que se possa conhecer, mas a vida das comunidades não está a melhorar. Pode ser que um e outro mudem de vida.

Para nós a responsabilidade do Governo era em resolver os problemas existentes e depois ver os próximos investimentos. Não é acumular os problemas constantes e os investimentos a entrarem cada vez mais”.
De acordo com o site facing finance, a Jindal é amplamente criticada em Tete por participar em violações de direitos humanos, destruição do ambiente e corrupção onde esta opera o Projecto de Carvão de Chingodzi. Esta é uma das três únicas empresas com direitos de mineração na região rica em carvão de Moatize.
Desde a sua chegada ao país, a Jindal tem sido responsável pela violação de direitos das comunidades, danificação do ambiente através da mineração a céu aberto e abuso dos trabalhadores moçambicanos, avança o site.
Mais de 2.500 pessoas ainda vivem perto da mina a céu aberto do Projecto de Carvão de Chingodzi. Apesar da empresa ter prometido reassentar as comunidades antes de iniciar a mineração, o reassentamento ainda não aconteceu. As comunidades não receberam qualquer tipo de compensação ou terra de substituição pelos seus sacrifícios.
A insegurança alimentar resultante das operações da Jindal torna as pessoas vulneráveis à pobreza e fome. O uso de dinamite para facilitar a extracção do carvão no local resulta em nuvens de poeira de carvão que afectam gravemente a saúde das pessoas que vivem no raio de um quilómetro da mina.
A empresa montou uma vedação na área e contratou uma força de segurança privada para impedir que os membros da comunidade frequentem as imediações da mina, havendo vários relatos de guardas de segurança agredirem violentamente membros da comunidade que passam as grades em direcção às suas casas.



terça-feira, 9 de setembro de 2014

as promessas dos três mosqueteiros

Na corrida a ponta vermelha 

As promessas dos três Mosqueteiros
 
Com as a eleições a porta, os candidatos e seus partidos a caça do voto, o magazine faz nesta edição um breve olhar nas promessas “manifestos” dos três mosqueteiros que concorrem a ponta vermelha nomeadamente Filipe Nyusi, Daviz Simango e Afonso Dhlakama focalizando com maior incidência em quatro pontos principais, Saúde, Educação, habitação e emprego que são os problemas que mais afligem o grosso da população moçambicana no seu dia-a-dia.

  Texto:Elísio Muchanga

 O primeiro dos três mosqueteiros chama-se Filipe Nyusi, de 56 anos, natural de Cabo Delgado, norte do país, é formado em engenharia mecânica, grau obtido na antiga Checoslováquia, e tem uma licenciatura em gestão, pela Universidade de Manchester, no Reino Unido.
Nyusi è um eminente político do batuque e maçaroca “Frelimo” que deu um pulo gigantesco na sua vida política ao ser eleito em pouco tempo candidato a presidência da Republica pela Frelimo, pouco depois de ter ocupado a pasta de ministro da defesa
Nyusi è um candidato que carrega uma enorme vantagem sobre os seus concorrentes directos pelo facto de ter percorrido pelo país e no exterior pouco antes do inicio da campanha eleitoral em busca de alargar as bases do seu eleitorado e divulgar o manifesto que servira de guia nos próximos cinco anos, caso seja eleito presidente da Republica.

O nosso primeiro mosqueteiro arrola nas suas promessas “manifesto” amplamente divulgadas na sua caça ao voto no capítulo da saúde a contínua melhoria da qualidade dos serviços de saúde, das condições de trabalho e aumento da satisfação dos trabalhadores de saúde e o reforço contínuo da humanização na prestação dos cuidados de saúde nas unidades sanitárias.

 Defende a contínua expansão da rede sanitária para as zonas rurais e fronteiriças acompanhada pela formação e alocação de recursos humanos qualificados, disponibilidade de medicamentos, bens e equipamentos necessários, assegurando o acesso dos moçambicanos aos cuidados de saúde primários.
O candidato e seu partido, prometem o apetrechamento das unidades sanitárias com equipamento adequado para fortalecer a capacidade de diagnóstico e de tratamento de doenças e o desenvolvimento de esforços para a materialização do seguro de saúde para todos, contribuindo deste modo para a melhoria das condições de saúde dos cidadãos.

Na educação

 O primeiro mosqueteiro “ Filipe Nyusi”, e o partido Frelimo defendem um Sistema educativo, mais inclusivo, eficaz, eficiente e cada vez de melhor qualidade e relevante bem como a inclusão nos currículos escolares de todos os níveis de ensino.
Este candidato garanta a continuidade de reformas no sistema nacional de educação, e o  incremento de recursos canalizados para expandir o acesso à Educação Para Todos, para que os cidadãos obtenham as competências chave, necessárias para o seu próprio desenvolvimento e do País.
Defende maior equidade no acesso à educação a todos os níveis e a formação de mais professores para a educação especial e para a educação bilingue e a  valorização do professor  atribuindo-lhe condições adequadas de trabalho, e melhoria da qualidade de vida.
Nyusi promete a expansão e a implementação efectiva do acesso ao ensino secundário profissionalizante em todos os distritos, com enfoque na sua qualidade e relevância, assegurando que as crianças que concluem a 7ª classe tenham acesso aos níveis subsequentes bem como a continuação da construção de escolas técnicas e profissionais, em todo o País, reformas no ensino superior elevando a qualidade de ensino.

Habitação

 Nyussi e seu governo prometem a consolidação da implementação da política de habitação com o recurso a parcerias públicoprivadas, incluindo a criação de mecanismos financeiros preferenciais de promoção da construção de habitação própria e dehabitação social fundamentalmente para os jovens.

É pela pesquisa e promoção da construção de infraestruturasde habitação, através do desenvolvimento e uso de tecnologias apropriadas e inovadoras, de baixo custo, com recursos localmente disponíveise e  a criação de cooperativas de habitação, atribuindo créditos bonificados, pelo governo ou parceiros, aos grupos organizados em cooperativa.

Defende  ainda a implantação da indústria de materiais de construção edefinição dos padrões de qualidade de construção, que contribuam para redução dos custos e a  concepção de plantastipo em função de cada zona ecológica, para a construção de habitação condigna de baixo custo nas zonas rurais.

Emprego

Defende a criaçao de  políticas e medidas viradas para a criação do emprego como factores impulsionadores para a geração da renda e combate à pobreza.
promoção da formação profissional, do emprego, protecção social e pela cultura de trabalho que promova a autoestima.

vai continuar a promover a construção, expansão e apetrechamento de centros de emprego e formação profissional orientados para as necessidades do mercado de trabalho. é pelo aumento da eficácia e eficiência dos centros públicos e privados de emprego e pela intensificação de programas de formação profissionalizante bem como  o apoio a iniciativas de autoemprego através da criação de micro e pequenas empresas

Segundo mosqueteiro “ Daviz Simango”

 O segundo mosqueteiro desta lista chama-se Daviz Mbepo Simango, presidente  do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), de 50 anos natural de Tanzânia e filho do ex-Vice-Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Uria Simango e, è o actual Presidente do Conselho Municipal da Beira, Licenciado em Engenharia civil pela Universidade Eduardo Mondlane.

Simango pode levar como vantagem dos seus concorrentes directos o facto de ser presidente de um partido que não se envolveu em nenhum conflito armado e pelo facto do seu partido ter ganho nas últimas eleições municipais quatro dos 52 municípios.

Simango trás na sua lista de promessas no capitulo da saúde a valorização  dos enfermeiros e outros profissionais de saúde, e o fortalecimento da gestão do Sistema Nacional de Saúde, pública e inclusiva, atendimento ao interesse público e combate à corrupção.

Este pretende introduzir e universalizar o cartão do Utente do Sistema Nacional de Saúde e informatizar o acesso e os atendimentos e criar Centros de Atendimento Especializado de média complexidade, para assegurar o tratamento completo dos utentes do Sistema Nacional de Saúde.

Estes Centros irão realizar consultas especializadas, exames, serviços de reabilitação com fornecimento de próteses, pequenas urgências e cirurgias electivas que não necessitam de hospitais ou prontos- socorros e distribuição de medicamentos excepcionais;

Simango promete criar o TELESAÚDE, permitindo que equipas de saúde, de qualquer parte do país, falem com centros de especialidades do Sistema Nacional de Saúde e dos Hospitais Universitários para discutir casos clínicos e demais procedimentos, aumentando a eficiência na gestão, evitando o transporte de pacientes e eliminando gastos desnecessários.

Introduzir e ampliar o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, estendendo, com o apoio das Forças Armadas e paramilitares, o atendimento em regiões de difícil acesso e criar Hospitais Universitários.

Privilegiar e implementar uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica, considerando os princípios de universalidade e da integralidade, com prioridade para o acesso aos medicamentos de alto custo.

 Educação

O MDM reafirma seu compromisso com uma política integrada de educação, reconhecendo-a como direito inalienável e inadiável tanto que promete no seu manifesto a valorização do professor e outros profissionais da educação.

Desenvolver a autonomia financeira, pedagógica e administrativa das escolas e aumentar a qualidade de ensino a todos os níveis do sistema de educação, com uma atenção especial à capacitação do corpo docente e ao sistema de avaliação e aprendizagens.

  Atrair para o corpo docente, a todos os níveis do sistema de educação, pessoas com o perfil científico, técnico e pedagógico adequado e continuar com o processo de expansão da infra-estrutura escolar do País a todos os níveis do sistema de educação e ensino, respondendo ao padrão mínimo de qualidade.

Introduzir um Programa de Nutrição nas escolas públicas do ensino primário; Assegurar o apoio Pedagógico para alunos com necessidades educativas especiais e  garantir o acesso gratuito ao livro no ensino primário completo das escolas públicas e privadas;
Expandir a rede escolar, com a construção de mais escolas em todo território nacional e  melhorar a remuneração e as condições de trabalho dos académicos e incentivá-los a continuar com o ensino e a pesquisa.

 Habitação

Para o candidato do MDM e seu partido desde que o actual Governo assumiu o poder, não se vislumbra para a esmagadora maioria dos cidadãos que vivem do seu salário, uma acção visando garantir habitação condigna para os moçambicanos neste âmbito, o MDM, promete criar o sistema de Crédito Jovem Habitação e condições favoráveis aos jovens e cidadãos recém-casados para a aquisição de habitação própria, nas cidades, no campo e na periferia urbana.

Este prmote ainda oferecer lotes urbanizados para que as famílias construam suas próprias casas, bem como  construir casas sociais em lotes urbanizados e transferir as famílias que vivem em áreas de risco.
O MDM promote de igual modo  elevar a  infra-estrutura urbana e saneamento básico às comunidades carentes e encorajar o surgimento de indústrias de produção de material de construção no território nacional e reduzir os impostos na importação de material destinado à construção.

Aquela formaçao poltica promote igualmente  garantir a oferta de habitações em condições especiais de preço e financiamento para as camadas de menor poder de compra bem como promover o desenvolvimento sustentável do sistema urbano e do parque habitacional, com o fim de garantir o bem-estar social e económico aos mais carenciada.

Emprego

 Nesta área o MDM e o seu candidato, comprometem criar o Programa MOÇAMBIQUE, MAIS EMPREGO PARA TODOS, que irá absorver as populações do campo e da cidade para o mercado de emprego, aproximando os sectores Privado e a Sociedade.

O MDM promete incentivar a abertura de novos negócios e facilitar o acesso ao crédito para gerar mais postos de empregos e melhorar a renda familiar.

O MDM irá criar mais zonas francas de modo a atrair, para diferentes pontos do país, pequenos, médios e grandes investimentos estrangeiros e nacionais, criando postos de trabalho; e apostar mais nos investimentos onde o processo de produção aplica mais o factor força de trabalho com o propósito de produzir, dando mais atenção o recurso humano como o factor dinamizador e criando assim mais postos de trabalho.

  Terceiro mosqueteiro “Afonso Dlhakama”

 O terceiro e último mosqueteiro da lista chama-se Afonso Macacho Marceta Dhlakama de 61 anos, natural de Sofala, líder da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) e ex-vice-presidente da Internacional Democrata Centrista, uma associação internacional, fundada em 1961 e sediada em Bruxelas, da qual a RENAMO é membro.



Este terceiro mosqueteiro “Afonso Dlhakama” pode ter em si a vantagem contra os seus concorrentes directos o facto de ter experiência em participar em processos eleitorais pois já vai na sua quinta participação em eleições presidenciais, bem como o facto de este ter recentemente homologado com o Presidente da Republica Armando Guebuza o acordo de cessar-fogo que põe termo a tensão político militar que forçou a se refugiar em parte incerta.

  No seu leque de promessas Dhakama promete no sectores da Saúde levar a cabo acções prioritárias como a implementação de políticas de melhoramento das condições de trabalho e de remuneração condignas dos profissionais de saúde.

O alargamento da prevenção e tratamento de HIV/SIDA, malária e outras doenças infecciosas causadoras de elevados índices de mortalidade.
A promoção da saúde no seio das famílias, através de programas de educação sobre saúde pública e nutrição bem como a promoção e incentivo da educação para o saneamento do meio comunitário.

Consta ainda no programa de Afonso Dlhakama e Renamo, o combate enérgico ao furto e roubo de medicamentos do Sistema Nacional de Saúde. A construção de mais Hospitais e Postos de saúde nas zonas rurais para colocar os serviços mais perto dos cidadãos.
A transparência na gestão dos sistemas de Previdência Social e estabelecimento de pensões dignas e humanas aos reformados como reconhecimento do seu contributo enquanto trabalhadores no activo.

Educação

Neste capítulo figuram como prioridades do Governo da Renamo a garantia de educação de qualidade e dos valores culturais característicos da diversidade, através do Aumento do investimento, construção e modernização das escolas do ensino geral e técnico-profissional.

Melhoria do estatuto e salário condigno dos profissionais da educação, promoção e valorização das línguas nacionais bem como a construção de escolas e apetrechamento de salas de aulas, para que nenhum aluno tenha aulas ao relento.

Melhoria das condições de vida nos lares, internatos e residências estudantis e escolaridade obrigatória e introdução de ensino gratuito até 10ª classe bem como a promoção da educação inclusiva e melhorar os programas e conteúdos curriculares às realidades do desenvolvimento sócio-económico do País.

Habitação

 Com o slogan uma família, um tecto, a terceiro mosqueteiro “Afonso Dhlakama” pretende resolver a problemática de habitação através, do aumento de programas de construção habitacional para cidadãos de pequeno e médio rendimento, particularmente para os jovens, idosos, deficientes e outros grupos vulneráveis.
Neste capitulo que esta ligado com o das infra-estruturas no manifesto do terceiro mosqueteiro “Afonso Dlhakama” a Política de crédito favorável à aquisição ou construção de casa própria e a abertura de auto-estradas e ferrovias nacionais que ligam o Norte e Sul e do Oeste a Este, fazem parte do programa.
Esta formação política pretende interligar todas as capitais provinciais aos centros de produção, através de rodovias asfaltadas, recuperação e melhoria das infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias.

 Emprego
Com o lema “Trabalho justo, salário justo” o terceiro mosqueteiro promete assegurar a cada cidadão o direito a um emprego e trabalho digno, justamente remunerado e livremente escolhido bem como investir na criação da riqueza e postos de trabalho, atraindo mais parcerias entre investidores nacionais e estrangeiros.
A Renamo e o candidato prometem assegurar a estabilidade no emprego e incentivar a criação de um sindicalismo pluralista e democrático, através de legislação reguladora, que garanta a defesa dos direitos dos trabalhos.

terça-feira, 29 de julho de 2014

 
Reembolso da dívida externa cai em 42 milhões de USD

O reembolso da dívida externa do País registou, no primeiro trimestre do corrente ano, uma queda significativa na ordem de 42 milhões de dólares norte- americanos, enquanto as reservas internacionais tiveram, no mesmo período, um desgaste de 34,3 milhões após uma acumulação de 188,6 milhões de USD, de acordo com dados relativos à conjuntura económica e perspectivas de inflação divulgado, semana finda, pelo Banco de Moçambique

 Texto:Elísio Muchanga
Dados divulgados recentemente pelo Banco de Moçambique indicam que o reembolso da dívida externa reduziu em 42 milhões de USD, no primeiro trimestre de 2014, tendo sido reembolsados neste período 145,7 milhões de UDS, contra 189.5 milhões de USD em igual período do ano passado.

 Segundo Valdemar de Sousa, porta-voz e administrador do Banco de Moçambique, a desaceleração do endividamento foi expressiva no sector privado, que passou de 104,9 milhões de USD, no primeiro trimestre de 2013, para 61,8 milhões no período em análise.

 Ainda no primeiro trimestre de 2014, o esforço realizado pela economia para o pagamento das suas dívidas para com o resto do mundo totalizou 141,1 milhões de USD, representando um crescimento anual de 49,5 porcento, dos quais 38,7 milhões de USD foram reembolsados pelo Estado e 102,4 milhões de dólares pelo sector privado.

Porém, deste último cerca de 87 milhões de dólares foram reembolsados pelas empresas pertencentes à categoria dos grandes projectos.

Dados do Banco de Moçambique referem ainda que as reservas internacionais líquidas registaram um saldo de 3.150,3 milhões de USD, no fecho do segundo trimestre de 2014, porém este saldo é equivalente a um desgaste de 34,3 milhões no trimestre, após uma acumulação de 188,6 milhões de dólares, situando-se acima do saldo estabelecido pelo programa.


O administrador do Banco Central salientou que entre os factores de desgaste das reservas internacionais figuram a venda de divisas no MMI, no valor de 207 milhões de dólares, cerca de metade do realizado no trimestre anterior.
Assim, de Janeiro a Junho as vendas líquidas de divisas totalizaram cerca de 638,5 milhões de dólares, superando o valor registado no mesmo período de 2013, que foi de 491 milhões de USD.

 Outro aspecto que contribui para o desgaste das reservas internacionais são os diversos pagamentos efectuados pelo Estado ao exterior, no valor de 59,8 milhões de dólares, bem como a amortização do serviço da dívida externa do País em 45,9 milhões, passando o valor amortizado no semestre para 82,1 milhões de USD.   

 Financiamento ao sector privado cresce 3,8 porcento

 Os dados do Banco de Moçambique revelam que, em Maio de 2014, o crédito bancário ao sector privado totalizava 164,002 milhões de meticais, o equivalente a um aumento na ordem dos 5.957 milhões de meticais, com um incremento anual de 32.667 milhões de meticais, cerca de 5,1 pontos percentuais abaixo do observado em igual período do ano transacto.

Beneficiaram-se neste período de crédito os sectores de construção, com 1.238 milhões de meticais, agricultura, com 235 milhões de meticais, o comércio com 180 milhões de meticais, excluindo o crédito concedido às empresas públicas, o crédito à economia que incrementou em 5.739 milhões de meticais.

Receitas públicas disparam em 67,1 porcento

De acordo com o Banco de Moçambique, o Estado arrecadou receitas na ordem de 41,439 milhões de meticais, correspondentes a um incremento nominal de 67,1 porcento em comparação com igual período de 2013.
O banco refere que este valor equivale a 7,9 porcento do PIB (Produto Interno Bruto), estimado para o ano de 2014, mais 2,4 pontos percentuais em relação ao ano precedente.

 O banco justifica que parte significativa das receitas fiscais provém dos impostos sobre rendimento, dos quais 67,9 porcento correspondem às mais-valias arrecadadas dos grandes projectos da indústria extractiva.



 

Crianças da Escola Primária Joaquim Chissano entregues à sua sorte

Os alunos da Escola Primária Joaquim Chissano, em Santa Isabel, distrito de Marracuene, clamam por melhores condições de aprendizagem. Os educandos estudam em precárias condições, pois a escola está degradada e, ainda, com insuficiência de salas de aula, inexistência de carteiras e do livro gratuito.
Texto: Elísio Muchanga

São cerca de 910 crianças da 1ª à 5ª classe que estão sujeitas a aprender em condições precárias e perigosas para um razoável início da vida académica. 
Tudo começa no início de 2013, quando um forte vendaval abalou e destruiu quase por completo a escola primária local, apelidada Joaquim Alberto Chissano, colocando mais de 9 dezenas de petizes a aprender em condições precárias.

A modesta escola, de apenas 5 salas de aula, localizada a menos de 10 quilómetros da capital do país e que carrega consigo o nome do homem que rubricou os Acordos Gerais de Roma, tem falta de tudo para uma criança iniciar com a aprendizagem.

Inaugurada em 2005, debate-se com problemas estruturais relacionados com a degradação da infra-estrutura, o que coloca em perigo os petizes de 6 a 10 anos que ali tentam se formar como homens do amanhã.
A falta de carteiras, desde a sua existência, bem como a fraca consistência das paredes que compõem as 5 salas de aula, chegam a confundi-la com meras capoeiras.
A escola tem 15 turmas com 50 a 70 alunos, que estudam todos no chão, facto que afecta o aperfeiçoamento da caligrafia do aluno.

Precariedade de condições afecta rendimento dos menores

 De acordo com o director da escola, Serôdio Roque, há falta de carteiras, insuficiência de salas, e a cobertura das poucas existentes contribui negativamente para o aproveitamento pedagógico dos petizes que ainda estão a iniciar a aprendizagem.
Roque afirma que os professores e os alunos têm trabalhado em condições precárias, pois as salas desde que foram destruídas pelo vendaval, em 2013, nunca foram reabilitadas.

Afirma ainda que a escola é pequena mas tem um número elevado de alunos, facto que força a leccionar debaixo das árvores, o que faz com que nos dias de chuva ou qualquer intempérie não haja aulas, o que contribui negativamente para o aproveitamento do aluno, que ronda nos 60 a 80 porcento, devido às condições precárias de trabalho.

“A falta de infra-estruturas afecta no aproveitamento, porque a criança estuda fora e no chão, sendo que qualquer movimento estranho desperta a criança e esta fica distraída, mas mesmo assim o professor faz o melhor de si”, frisou o director, acrescentando que apesar de a direcção tentar fazer turmas mistas para evitar dispensar alunos, a medida não chega a surtir efeitos, pois as poucas salas que existem têm problemas graves de cobertura.
Para além dos problemas já referenciados que se abatem sobre a escola que carrega o nome do antigo estadista moçambicano, e vencedor do Prémio Mo Ibraimo, a escola queixa-se da falta de carteiras e das condições precárias de sanidade para os petizes e professores, pois vezes sem conta estes têm que partilhar as mesmas casas de banho com os alunos.

Governo a par da situação, mas tarda agir

As condições deploráveis e perigosas de aprendizagem em que estão sujeitadas as crianças da Escola Primária Joaquim Chissano, no distrito de Marracuene, não é novidade para as autoridades competentes.
De acordo com o director da escola, a governo distrital já visitou a escola no ano passado, tendo na altura prometido melhorar as condições, porém, de lá a esta parte nada se materializou de modo a reduzir este sofrimento.
Este refere que já foram feitos pedidos de reabilitação da escola a instituições não-governamentais, mas até agora ainda não há resposta dos pedidos formulados.

 Comunidade local põe mão à obra

 A comunidade de Santa Isabel, local onde se localiza a escola, de tanto esperar e ver o sofrimento dos seus filhos decidiu contribuir na construção de uma sala de aula.
Segundo um antigo professor da escola, de nome Celestino, a comunidade, de tanto ver os menores a estudarem em precárias condições, decidiu há três anos construir mais uma sala de modo a reduzir o sofrimento das crianças.
Porém, a sala construída pela comunidade não teve o devido acabamento, devido à exiguidade de fundos por parte da comunidade, que na sua maioria não tem fontes de rendimento sustentável e depende da agricultura. 
A infra-estrutura inacabada já apresenta sinais de degradação, constituindo mais um perigo para as crianças.

 Professores queixam-se de falta de livro
Os professores daquela escola queixam-se das precárias condições a que estão sujeitos no seu dia-a-dia para fazer com que os petizes aprendam a escrever de forma condigna.
As inquietações dos professores daquela instituição de ensino primário partem da falta duma sala para professores, quadros para leccionar, pois os poucos existentes são muito pequenos, e da falta do livro para o aluno, facto que dificulta o seguimento da metodologia a implementar, dado que o livro de distribuição gratuita não foi suficiente para todas as crianças.


 Petizes pedem carteiras e salas de aula

 Os alunos da Escola Primária Joaquim Chissano são menores de idade, mas parece que sabem do que falta na sua escola e que em condições normais não lhes deveria faltar. Estas são quase que unânimes e pedem a quem de direito para proporcionar condições condignas de aprendizagem.
Falando ao Magazine, Chaila Chongo, aluna da 3ª classe, queixou-se da falta de salas de aula e pede carteiras, pois diz estar cansada de estudar no chão.

“Nós estudamos no chão e quando volto para casa a mamã diz que sujei o uniforme. Estamos a pedir carteiras para a nossa escola. Não queremos sentar no chão”, frisou.
Joaquina Matine queixa-se de não poder estudar numa sala de aula com carteiras, afirmando que na sua antiga escola estudava na sala sentada na carteira, daí que pede salas e carteiras para a escola.

 “Eu estudava numa sala sentada na carteira, mas aqui nesta escola sentamos no chão e estudamos fora”, disse.