Na província de Maputo
Zonas fronteiriças registam menor taxa de incidência
do HIV/SIDA
-O País ainda regista níveis preocupantes e compromete os
ODMs
As zonas fronteiriças da região Sul do País, na província
de Maputo, tidas como zonas de maior risco, registam uma redução considerável
da taxa de incidência de HIV/SIDA nos últimos anos. Segundo dados em nosso
poder, em 2013 o distrito de Namaacha registou uma incidência de 18,3% e Moamba
19,9%. Apesar dos esforços empreendidos pelo Governo no combate ao HIV, o
Objectivo para o Desenvolvimento do Milénio (ODM), já esta comprometido, uma
vez que se verifica o corte de finaciamento aos
programas de HIV/Sida pelos doadores na ordem de 90 milhões de meticais, para
apenas 3 milhões. Segundo o relatório da ONUSIDA, Moçambique regista níveis preocupantes nos
PALOPs, sendo que mais de 11 pessoas em cada 100 têm a doença, ou seja, são
mais de um milhão e seiscentas mil pessoas a viverem com o vírus em Moçambique.
Elísio Muchanga
Os
distritos fronteiriços tidos como zonas de maior risco devido a alta mobilidade,
estão a apresentar resultados encorajadores nas acções de prevenção tratamento
e combate ao HIV/SIDA, comparativamente com as zonas não fronteiriças, mesmo
com o corte dos doadores ao financiamento dos programas de prevenção, tratamento
e combate aos HIV sida.
Dados
obtidos pelo Magazine indicam que só em 2013, o Distrito de Namaacha registou
uma taxa de incidência de 18,3 porcento, e Moamba com 19,9 porcento. Matutuine
registou 12,6 porcento, comparativamente as zonas que não fazem fronteira como Manhiça
que registou a taxa de incidência mais alta da província de Maputo com 28,5%.
O Coordenador
do Núcleo Provincial de Combate ao Sida (NPCS), Delso Damas, explica que, no
caso do Distrito de Moamba, que faz fronteira no Posto Administrativo de
Ressano Garcia.
“Sendo um corredor onde circula muita gente e
bens, estes números justificam-se pelo facto de neste local estarem cerca de 6 organizações
da sociedade civil altamente estruturadas a desenvolver diversas acções na área
de prevenção de novas infecções por VIH”.
Acrescentou
que “estas organizações fazem a sensibilização de pessoas de alta mobilidade
com destaque para os camionistas, viajantes, paramilitares, jovens e
trabalhadoras de sexo, no sentido de fazer a promoção do uso do preservativo
tanto masculino como o feminino, bem como a aderirem aos serviços de saúde disponíveis
naquela região, como exemplo a testagem e o tratamento anti-retroviral, bem
como a campanha de circuncisão masculina”.
Segundo
Damas, para as pessoas já infectadas garante que o Governo tem sensibilizado as
pessoas a aderir ao tratamento como forma de prolongar o tempo de vida.
Namaacha num bom caminho na luta contra o Sida
O
Distrito da Namaacha que faz fronteira com a Suazilândia, segundo dados oficias,
registou, em 2013,um número de 454 pessoas a aderirem aos serviços de TARV, e
80 mulheres grávidas a aderirem ao Programa de Transmissão Vertical, mesmo com constrangimentos
de vária ordem, na prevenção, tratamento e combate ao Sida que muitas vezes se
resume no défice de alimentação dos doentes em TARV, percorrem longas distâncias
para obter os medicamentos.
Este
factor faz com que o distrito se dê por satisfeito, e avalie de forma positiva
as actividades desenvolvidas atinentes à prevenção tratamento e combate ao HIV
sida.
A médica
chefe do centro de Saúde de Namaacha, Maria Chongo, faz uma avaliação positiva
do desempenho do distrito, sustentando haver cada vez mais doentes a aderirem às
consultas. “E já não há muitos receios por parte de residentes em fazer o teste
de HIV”, disse para depois admitir haver uma oscilação em relação aos abandonos.
Porém, segundo a médica, o Centro de Saúde tem feito buscas activas de doentes,
quando se apercebe que os mesmos são faltosos ao tratamento.
Frisou
que “nós procuramos trazer de volta os doentes às consultas. Repetimos o
aconselhamento, mostramos as vantagens de fazer o tratamento. É por isso que no
ano de 2011, houve 66 abandonos, e em 2012 mais de 94. Isto mostra que houve um
aumento de abandonos, e que a busca activa não funcionou muito, mas em 2013
obteve-se 37 abandonos o que é positivo”.
TARV e Abandono desde 2007/13 província de Maputo
Acrescentou
que “alguns doentes não fazem o tratamento nas unidades sanitárias próximas às
suas residências, porque ainda há estigma, discriminação e receio dos vizinhos,
colegas, e muitas vezes são dadas como abandonadas numa unidade sanitária,
enquanto são activas noutra”.
Associação Tiyane, uma das poucas que ainda
resiste
Num
total de 16 associações comunitárias que existiam em Namaacha onde se promovia
a advocacia no combate ao HIV bem como apoiar os doentes em estado crítico, a
associação Tiyane figura das 8 associações activas.
Segundo
Domingos Palma Pinto, coordenador da associação Tiyane, muitas associações
desapareceram devido à falta de financiamento que antes tinham das ONGs.
A
Tiyane tem feito visitas domiciliárias a portadores do vírus do Sida, campanha
de sensibilização no que diz respeito à mitigação, combate à droga e ao álcool.
O coordenador
da associação, Palma Pinto, explica que associação trabalha com os portadores
do vírus do Sida, onde tem como actividade a formação de grupos familiares em
colaboração com o Posto de Saúde. Dentre eles, um é eleito com a missão de ir ao
posto de Saúde levar medicamentos para o grupo. “ Isso acontece de forma rotativa.
Só assim, se consegue ver quem realmente está a tomar os medicamentos, e quem
não o faz”.
Há falta de sustentabilidade em alguns
projectos desenvolvidos pelas ONGS
A
luta pelo combate ao HIV ao nível dos distritos acarreta custos financeiros
elevados e aquisição de recursos humanos. Facto que tem sido, em alguns ocasiões,
levado a cabo por organizações não governamentais, através da prestação de
apoio às diversas associações comunitárias que procuram minimizar e estancar o
impacto negativo da epidemia.
Segundo
fonte do Conselho Nacional de Combate ao Sida, algumas organizações não governamentais
que prestam apoio às comunidades desenvolvem programas que não têm tido
seguimento após o término dos seus projectos.
A
resposta comunitária ao HIV/SIDA em Moçambique ainda não é sustentável, porque
as várias ONGs elaboram projectos a prazos curtos.
Alguns
projectos desenvolvidos por algumas ONGs não são sustentáveis porque findo o
projecto as ONGs abandonam o local e as comunidades retrocedem na luta contra a
epidemia.
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