Greve
na Açucareira de Xinavane
…Empresa
envereda por ameaças e intimidações de expulsão aos grevistas
Trabalhadores
da Açucareira de Xinavane, no distrito da Manhiça, paralisaram as suas actividades
laborais em reivindicação de um ajuste salarial e mudança de categoria, em
alguns sectores de trabalho. Os trabalhadores contam que há dez anos que
permanecem na mesma categoria baixa, o que não acontece com novos trabalhadores
a exercer a mesma actividade, que estão acima dos antigos.
Elísio Muchanga
São mais de 80 trabalhadores, entre “tractoristas
e operadores” da Açucareira de Xinavane que paralisaram as suas actividades
laborais desde semana finda, devido ao que chamam de injustiça salarial
praticada pelo empregador e políticas de dividir para reinar.Segundo conta um grupo de trabalhadores da empresa, a paralisação das actividades parte da não anuência e resposta a uma carta redigida pelos trabalhadores há mais de dois anos, solicitando a mudança de categoria e consequente revisão salarial em alguns sectores mais lesados na empresa.
De acordo com os trabalhadores, foi submetido um documento de pedido de mudança de categoria em 2013 e o mesmo não foi respondido, ao que fora submetido um outro em 2014, no qual a empresa terá dito que o documento estava mal escrito e que deveria ser corrigido, procedimento acatado pela massa laboral seguindo os modelos de correcção indicados pela empresa.
O documento corrigido pelos trabalhadores seguindo os modelos emanados foi submetido e aceite pela empresa, porém, o mesmo não foi respondido, facto que aumentou a ira dos “tractoristas e operadores” da Açucareira de Xinavane.
Após este episódio, já em Janeiro deste ano os trabalhadores submeteram a segunda via, onde também arrolavam as mesmas preocupações ao patronato, tendo sido ignorados pelo patronato.
Deste modo, os trabalhadores decidiram no dia 1 de Junho do corrente ano paralisar as actividades laborais como forma de pressionar a resposta dos documentos submetidos ao empregador desde 2013.
Segundo a fonte que temos vimos a citar, quando o empregador se apercebeu da paralisação das actividades, procurado se informar dos motivos este terá pedido aos operadores e tractoristas para continuarem a laborar, prometendo responder os documentos em menos de uma semana, facto que aconteceu na segunda-feira da semana passada, só que para o espanto dos trabalhadores, ao invés do patronato responder as cartas, este limitou-se a trazer regras de conduta, intimidações e ameaças de expulsão aos trabalhadores.
Ponto de discórdia
Um dos pontos que
coloca a empresa e os trabalhadores em divergência é a ausência da descrição de
categorias em certos sectores, o que coloca grande parte dos trabalhadores dos
sectores mais relevantes da empresa em péssima situação salarial, sem aumento já
há mais de 10 anos, bem como a existência de trabalhadores noutros sectores que
produzem menos e em sectores de menor risco a ganhar salários superiores.O grupo de trabalhadores grevistas diz não exigir condições de trabalho superiores que os seus colegas de outros sectores, mas quer que haja uma justiça e se reduza o fosso existente entre eles, dado que estes fazem praticamente o mesmo trabalho e vezes sem conta se esforçam mais que os colegas de outros sectores.
“Temos a categoria B1, que equivale a 4.500 meticais por mês, e os outros que fazem trabalhos menos arriscados que o nosso têm a categoria B4 e ganham até 9 mil meticais. Isto é injusto porque nós corremos muitos riscos aqui”, disse um dos trabalhadores ao Magazine, em anonimato, para depois frisar que “o que queremos é que haja um nivelamento. Podemos não passar os outros mas que se reduza a diferença”.
Além destas reivindicações, os operadores e tractoristas da empresa clamam pelas más condições de trabalho existentes na empresa, que partem da ausência de meios de protecção eficazes para o tipo do trabalho que exercem.
Das péssimas condições de trabalho figura a ausência de máscaras quando os operadores lidam constantemente com insecticida, falta de refeições e água durante o trabalho, bem como o pagamento de horas extras, que apenas é direccionado para alguns sectores de trabalho.
Na sexta-feira passada, parte dos trabalhadores grevistas reuniu-se com o empregador, ao que este prometeu dar resposta nesta segunda-feira, e, mais uma vez, o empregador pediu para que retomassem aos seus postos de trabalho na esperança de se ter um desfecho logo no início desta semana.
Entretanto, várias
tentativas foram feitas junto da empresa mas todas redundaram em fracasso. Por
exemplo, em Xinavane a nossa equipa de reportagem foi aconselhada a contactar os
escritórios na capital, Maputo. Aqui, a secretária por nós contactada disse que
os seus superiores hierárquicos se encontravam em reunião.
A
Tongaat Hulet, companhia sul-africana produtora de açúcar em Moçambique e em
vários países da África Austral, detém 88 porcento das acções da açucareira,
sendo assim o accionista maioritário.
Sem comentários:
Enviar um comentário