A Renamo exige a anulação e auditoria do recenseamento eleitoral, alegadamente porque as irregularidades do processo não irão garantir a realização de eleições livres, justas e transparentes, muito menos de um ambiente pós-eleitoral pacífico. O partido líder da oposição acusa igualmente a Frelimo de ter mandado o STAE criar menos postos de recenseamento nas zonas de maior influência da oposição.
Elísio Muchanga
O facto é que mesmo após a submissão da queixa
formal sobre todas as irregularidades que marcaram o processo, a Renamo
continua sem nenhuma resposta das autoridades competente, sendo literalmente
ignorada.
Segundo José Manteigas, porta-voz da
“Perdiz”, a exigência de anulação do processo, bem como a realização de
auditoria ao mesmo justifica-se pelo conjunto de irregularidades inumeradas que
caracterizaram o recenseamento eleitoral e que, no entender da Renamo,
afectaram o processo, não garantindo desta forma “a ocorrência de eleições
livres, justas e transparentes”, muito menos um ambiente pós-eleitoral
pacífico.
De acordo com Manteigas, durante os
45 dias do recenseamento eleitoral milhares de potenciais eleitores
identificados como membros da oposição, em particular da Renamo, foram
impedidos de se recensear. Diz ainda que o partido no poder transportou
diversos cidadãos de distritos não autárquicos para se recensearem em distritos
com autarquia, violando deste modo a legislação eleitoral.
Manteigas cita o caso da deputada
Lúcia Afate, membro da Comissão Permanente da Assembleia da República e da
bancada parlamentar da Renamo, que foi impedida de se recensear na turística
autarquia de Mossuril, zona litoral da província de Nampula.
“A Frelimo planificou e realizou recenseamento na calada da noite, nas casas dos Secretários dos bairros, dos Grupos Dinamizadores e Líderes Comunitários, o que consubstancia um autêntico crime público que devia merecer grande atenção do aparelho de Administração da Justiça”, acusou Manteigas.
STAE recenseou na calada da noite
A Renamo acusa ainda a Frelimo de
ter mandado o STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) criar
menos postos de recenseamento nas zonas de maior influência da oposição, com o
objectivo de recensear menos cidadãos. Diz ainda ter sido o partido no poder que
ordenou o roubo dos mobiles ID, cujos implicados continuam impunes.
“Alguns directores do STAE,
brigadistas e agentes da Polícia tudo fizeram para manipular o recenseamento
eleitoral, envolvendo-se em actos criminosos perante o olhar impávido, sereno e
conivente da Procuradoria da República”, afirma Manteigas, defendendo que estas
manobras puseram em causa o direito fundamental dos cidadãos de elegerem e
serem eleitos.
“Nós a Renamo, porque sempre
pugnamos pela Lei, convivência política pacífica e harmonia social, denunciamos
em tempo útil, de forma oficiosa e publicamente, todas as irregularidades
registadas em todo o recenseamento. Submetemos queixas às autoridades
competentes, interpelamos a Comissão Nacional de Eleições e o Presidente da
República. Infeliz e lamentavelmente não vimos nenhuma correcção das graves
irregularidades por parte dos órgãos eleitorais. Não houve nenhuma acção do
Presidente da República, um sinal claro de que aqueles membros agiram sempre
sob ordens da sua liderança”, disparou Manteigas.
Para a Renamo, há uma clara falta de
compromisso da Frelimo para com a democracia e clara falta de vontade política
de continuar a consolidar a paz e reconciliação nacional. “Sem dúvida, quando
usarmos a nossa máxima força para salvarmos a nossa pátria dos ditadores e anti-democratas
irão condenar-nos”, observou o porta-voz do antigo movimento militar.
“Convocámos, desde já, a todos os
moçambicanos do Rovuma ao Maputo para que se juntem à nossa luta e voz, agindo
energicamente contra esta tentativa de matar a democracia e perpetuar a
ditadura, porque aceitar este recenseamento eleitoral será aceitar a fraude
eleitoral e hipotecar o nosso futuro”, defende o porta-voz do partido liderado
por Ossufo Momade, apontado como responsável pela vergonha eleitoral
testemunhada durante o recenseamento.
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