terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


Pelos crimes ambientais na Matola
 “Urge responsabilizar os actores morais”
 
......       Edil diz que responsabilização pode levar tempo

Os munícipes da Matola exigem a responsabilização criminal dos autores dos crimes ambientais cometidos naquela urbe e que hoje estão a causar sérios problemas de alagamento, causados por construções desordenadas em locais ambientalmente proibidos. Estes louvam os esforços da edilidade, mas também exigem a responsabilização criminal da anterior máquina governativa liderada por Arão Nhancale. Entretanto, o actual edil, Calisto Cossa, responde que a discussão sobre a origem dos problemas e responsabilização dos seus intervenientes pode levar tempo, não descartando assim a responsabilização que se impõe.
 Texto: Elísio Muchanga

Na sequência das chuvas registadas no passado mês de Dezembro e início de Janeiro, alguns bairros do Município da Matola que antes eram  agradáveis de habitar hoje transformaram-se em pântanos com ruínas abandonadas, onde dezenas de famílias têm as suas casas submersas, situação que se repete sempre que chove em abundância na Matola.
Uma das razões para aquela situação é a deficiente limpeza das valas de drenagem, para além das construções desordenadas erguidas no caminho natural das águas.
O facto é que diversos bairros daquela autarquia, com destaque para Fomento, Liberdade, Nkobe, Machava Km-15, Khongolote, Bunhiça e Tsalala, deparam-se com construções desordenadas, nalgumas vezes por cima dos canais por onde a água das chuvas deveria ser escoada para o mar.

É nesta senda que os munícipes daquela autarquia, falando ao Magazine em vésperas da comemoração do 43º aniversário daquela autarquia, exigiram não só a resolução dos problemas no município bem como a responsabilização da anterior administração municipal que autorizou a construção de infra-estruturas locais onde passam as bacias de água.
Na verdade, os munícipes entendem que o actual governo de Calisto Cossa não só deve assumir a responsabilidade destes crimes cometidos, mas deveria indemnizar os visados caso tenham autorização para erguer seus empreendimentos.
Um dos munícipes que deu a cara é Alberto Parruque. Para ele, o município não só deve se responsabilizar pelos danos causados pelo anterior edil como também mostrar coragem suficiente para responsabilizar criminalmente a anterior administração municipal, desde o presidente do município, presidente da Assembleia Municipal e os respectivos vereadores que alguns ainda ocupam cargos de relevo no município.
“Esta medida visa mostrar e incutir a cultura de responsabilização no município. Ora vejamos: hoje estamos a chorar pelos danos causados mas parte das pessoas que cometeram esses danos ainda está lá no município a ocupar posições chave, isso é uma aberração”, destacou veemente a fonte.
Júlio Boene é da opinião de que para além da coragem que teve de abrir as valas de drenagem para aliviar as águas que já estavam a prejudicar uma série de famílias, o município deveria ir mais além do que isso, porque alguns projectos edificados precisaram de estudo do impacto ambiental.
“Não acredito que uma entidade ao ter realizado este estudo tenha autorizado a construção de armazéns na zona da CMC, porque o grande calcanhar de Aquiles está na CMC onde as águas estão a desaguar a montante para a jusante, e ao ter havido um estudo do impacto ambiental não autorizado o Conselho Municipal, mesmo assim, autorizou que se construíssem aqueles armazéns. No entanto sou da opinião de que o actual elenco deveria responsabilizar as pessoas que autorizaram a construção dos armazéns, porque aquilo é um crime ambiental”, rematou.
Por sua vez, Joana Sitoe colocou o dedo na ferida afirmando que Nhancale foi quem autorizou muitas das construções que hoje estão a criar estes problemas, e ele é da Frelimo e se nada acontecer com ele é porque o partido apoia a cultura de irresponsabilização, então, o partido no poder é chamado a demonstrar que não tolera que dirigentes que saiam das suas fileiras cometam actos que atentem contra o povo como este.
“Senão for a Frelimo a agir a justiça deve agir porque os factos estão visíveis, os autores morais andam por aí e são localizáveis, assim isto pouparia o município de ter que correr em indemnizações desnecessárias causadas por irresponsabilidade de algum grupo”, concluiu.

Município não deve cair no prejuízo
Outras correntes de matolenses entendem que o município não deve se dar ao luxo de assumir responsabilidades de outrem e cair no prejuízo de indemnizar pessoas com fundos que poderiam muito bem ser aplicados em outras infra-estruturas.
Por isso, como solução, Moisés Tembe entende que deve haver responsabilização do elenco anterior como forma de dar um exemplo aos próximos gestores municipais que ainda podem estar envolvidos em muitos negócios obscuros que podem um dia hipotecar o município.

 “Responsabilização pode levar tempo”
-Calisto Cossa

Falando aos munícipes no bairro Nwamatibwana aquando da comemoração do 43º aniversário da cidade da Matola, o edil Calisto Cossa disse que o saneamento do meio continua no topo das prioridades do município.
“Ciclicamente sempre que estamos no período chuvoso somos postos à prova e testemunhamos com bastante apreensão os efeitos negativos da gestão pouco criteriosa do saneamento urbano. Em algumas situações o problema pode ser atribuído à necessidade de recursos a serem aplicados no saneamento de raiz”, reconheceu o edil.
“Muitos munícipes estão em situação de risco constante de alagamento e perda de haveres e morte, sem descurar outros problemas sócio-económicos e de saúde pública decorrentes e com reflexos incalculáveis”, frisou para dizer em seguida que “neste âmbito, a CMC está a fazer o seu trabalho com os munícipes da Matola e pode dizer com satisfação que uma parte da área da vala de drenagem do município da Matola encontra-se desobstruída.

“A discussão sobre a origem dos problemas a responsabilização dos seus intervenientes pode levar tempo” Calisto Cossa.
Entretanto dos problemas que são gerados pela intervenção humana através da ocupação desordenadas de zonas de circulação natural de água bacias de retenção respiradores naturais da cidade áreas ambientalmente interditas a construção a discussão sobre a origem dos problemas a responsabilização dos seus intervenientes pode levar tempo.

Mais de 38 km de estradas reabilitadas

Não só os crimes ambientais herdados da anterior administração estão na agenda dos matolenses, mas também a melhoria de infra-estruturas e alguns serviços básicos soa de boca em boca.
A título de exemplo são os 10 novos autocarros inaugurados no dia 05 para servir os residentes da Matola, bem como 15 tractores adquiridos pela edilidade para atender as necessidades dos três postos administrativos daquela urbe.
No que respeita a infra-estruturas, o edil deu a conhecer aos munícipes que a ligação entre bairros registou uma acentuada melhoria que resulta da concentração de forças para garantir uma excelente mobilidade e acessibilidade a outros bairros.
“Esta prioridade incide num esforço financeiro muito considerável, com isso, no último ano reabilitamos e colocamos aos serviços municipais pouco mais de 15 km de estradas reabilitadas e construímos 7 km de estradas asfaltadas e reabilitamos 38 km de estradas e abrimos 11 km de linha em terra batida e temos ainda 18 km de estradas terraplenadas por reabilitar”, disse o edil.
O desporto também mereceu a atenção do Município da Matola, por isso foram construídos 12 campos de futebol em 12 bairros, numa meta de 42 campos.
“Estamos a trabalhar com a Electricidade de Moçambique e Águas de Maputo para o alargamento da rede eléctrica e fornecimento de água aos munícipes”, garantiu

2 comentários:

  1. Este texto na edição imprensa saiu pouco deformado, este é a versão original. peço desculpas aos meus leitores que possa ter ficados confusos...

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  2. Este blog precisa de si para sobreviver por favor ANUNCIE AQUI.

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