Problemas
de emprego em Moma
Kenmare
não satisfaz anseio da comunidade local
As
comunidades residentes ao redor da multinacional irlandesa Kenmare, empresa
mineira responsável pela exploração de areias pesadas no distrito de Moma,
província de Nampula, queixam-se por esta ainda não satisfazer os anseios das
comunidades locais na absorção de mão-de-obra local pela empresa e na melhoria
de vias de acesso. Este facto foi secundado pelo secretário permanente do
distrito de Moma, Amad Cheia Alide, apelando para a necessidade de emprego da mão-de-obra
jovem local.
By Elísio Muchanga
Segundo Amad
Cheia Alide a empresa tem desenvolvido projectos de responsabilidade social que
têm, de algum modo, ajudado as comunidades locais, nas áreas de educação, saúde,
bem como o financiamento de projectos de geração de renda, porém este não é o
suficiente pois há necessidade da empresa abranger mais as comunidades locais
em termos de emprego.
“A empresa está a fazer o que é possível, mas
no tocante ao emprego a empresa precisa de fazer mais porque a população está
ali a ver as pessoas de fora a entrar e trabalhar na empresa” disse o secretário
permantente.
Para o secretário
permanete de Moma, alguma coisa falta à empresa no sentido de, quando houver
necessidade de empregar pessoal qualificado, ao invés de se fazer só o
recrutamento fora da comunidade, poderia se pegar o pessoal local com 10 ou 12ª
classe, fazer uma formação e aí “teríamos um pessoal qualificado pelo menos do
nível médio e assim teríamos resolvido pelo menos 75 porcento do problema de
desemprego”.
Para este governante, a grande preocupação da
população de Topuito especificamente aquela população que está ali próximo da
Kenmare, é o emprego, “se for a acompannhar as grandes manifestações que existem
por parte da população são relativamente ao emprego. Portanto, em relação a
esta parte a empresa ainda tem muito trabalho por fazer”.
Entretanto Alide
afirma que o governo local já está a contactar a empresa de modo a resolver as
preocupações da população, “nós já estamos a fazer ver a empresa que precisa de
mudar a maneira de fazer o recrutamento de modo a acolher as preocupações da
população de forma satisfatória e mudar o seu sentimento em relação à presença
da empresa aqui.
Gabriel Terreto
secretário do Bairro Mataka, um bairro com cerca de 2200 pessoas conta que a
Kenmare já deu escola, posto de Saúde dois furos de água apesar de um não estar
a funcionar porque já não tem água mas prometeu reparar.
De forma temida, o secretário do bairro de
Mataka disse ao Magazine que ainda falta muita coisa prometida pela empresa dando
maior ênfase ao emprego que, segundo este, muitos dos nossos filhos não estão a
trabalhar e andam a deambular pelas machambas. A empresa prometeu vir escolher
e até agora só veio buscar 8 pessoas para fazer biscates e não para trabalhar
definitivamente.
Ismael Assane, de 28 anos, comerciante e pai
de 8 filhos, conta que foi beneficiário do projecto de geração de renda da KMAD
que o concedeu um empréstimo de 65 mil meticais sem juros para o desenvolvimento
do seu negócio, clama também pela falta de emprego na localidade.
Extracao de areas pesadas em Moma
Director de recursos humanos da kenmare
rebate
O directror dos
recursos humanos da Kenmare, Caetano Amurane, disse ao Magazine que é verdade
que há muita gente que procura emprego e muita gente vem de diversas partes do país
e apesar de as comunidades terem prioridade, a empresa não pode discriminar
outros moçambicanos.
Há critérios de selecção
da mão-de-obra pois existem aquelas áreas que precisam de mais especilização e
a estas a empresa recorre à mão-de-obra externa e para aquelas posições que a
empresa acha possível recrutar localmente faz sempre que for necessário.
Amurane afirma haver dois grupos alvo dado
que o nível académico na comunidade vai até a sétima classe, e com este nível
fica claro que não há pessoas habilitadas literalmente em termos de capacidades
científicas capazes de ocupar determinadas posições.
“Há caso de nativos
que emigram e se formam fora mas quando voltam estes têm a oportunidade de
emprego na empresa” explicou para depois acrescentar que “ há pessoas de fora
que vêm a Topuito à procura de emprego e muitas das vezes não dizem que são de
fora, juntam-se às comunidades e quando chega a hora de recrutar estas
pessoas geralmente constam das listas
feitas pelos secretários dos bairros usadas para recrutamento local sempre que
for necessário”.
O director dos
Recursos Humanos da Kenmare deu a conhecer que neste momento a empresa está a
empregar 1078 trabalhadores provenientes das comunidades próximas a zona de
mineração, sendo que na sua maioria são provenientes de Angoche, Moma e
Mogovolas e de outras partes do país mas são considerados locais.
“Há aqueles que
vamos recrutar especificamente em Nampula neste momento temos cerca de 105
pessoas recrutadas em lá, mas há aqueles mais especializados que achamos que
não podemos encontrar aqui e são num total de 252 pessoas recrutadas em Maputo”
disse.
No que diz respeito à mão-de-obra estrangeira
a Kenmare tem no quadro de pessoal 170
estrangeiros que vêm de diversas partes
do mundo.
Porém, consta
nos planos estratégicos da empresa, a redução de número de estrangeiros por
nacionais, facto que, segundo Amurane, vai acontecendo gradualmente através dos
programas de formação levados a cabo pela Kenmare.
No recrutamento da mão-de-obra local Amurane
avança haver desafios a ultrapassar. É que nas listas nominais para um possível
recrutamento pela Kenmare sempre que houver vagas as comunidades clamam que estas
listas são muito longas. É um facto porque cerca de 27 mil pessoas que estão à
procura do mesmo emprego e nós não temos vaga para todas estas pessoas.
Portanto o que acontece é que temos desafios em
relação as listas nominais, é que quando aparece em janeiro as listas de um
bairro que são longas recrutamos e pode nos levar seis meses ou um ano para nos
absorvermos todas pessoas.
O que acontece é
que devido a morosidade os secretários aparecem a dizer que as pessoas não estão
a ser recrutadas e que deveriamos saltar as listas e recrutar pessoas indicadas
pelos secretários facto que nos recusamos e apenas seguimos a lista so saltamos
se a pessoas não esta disponivel.
“São estes desafios que temos com as
comunidades de modo a evitar recrutar debaixo do cajueiro elas elaboram estas
listas e nos fornecem” frisou.
Sem dar detalhes o director de recursos
humanos contou que vezes sem conta as populações param as máquinas de
perfuração exigindo emprego e melhores condições facto que tem sido resolvido
com a intervenção de líderes comunitários e, algumas vezes, com a intervenção
da autoridade distrital.
A Kenmare é uma empresa de mineração de origem
irlandesa que se dedica à exploraçao de areas pesadas de Moma onde são
extraídos três minérios, nomeadamente, rutilo, zircão e ilmenite. As
instalações da Kenmare têm capacidade para produzir, anualmente, 800.000
toneladas de ilmenite, 56.000 toneladas de zircão e 21.000 toneladas de rútilo.
Dos mineirios extraidos pela Kenmare se destacam a ilmenite que é
um minério de ferro e titânio e é utilizada na produção de pigmentos que
sãousados nas indústrias plásticas e de tintas. O zircão é utilizado na
indústria cerâmica. O rutilo éuma forma muito pura de dióxido de titânio
essencial para a produção do metal titânio, que é utilizado num sem número de
indústrias de alta tecnologia, como por exemplo no fabrico de aviões.
Para o presente ano, a Kenmare projecta contratar 1710 novos
trabalhadores. No ano transacto o número de contratados foi de 1613.