terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Problemas de emprego na Kenmare


Problemas de emprego em Moma

Kenmare não satisfaz anseio da comunidade local

 As comunidades residentes ao redor da multinacional irlandesa Kenmare, empresa mineira responsável pela exploração de areias pesadas no distrito de Moma, província de Nampula, queixam-se por esta ainda não satisfazer os anseios das comunidades locais na absorção de mão-de-obra local pela empresa e na melhoria de vias de acesso. Este facto foi secundado pelo secretário permanente do distrito de Moma, Amad Cheia Alide, apelando para a necessidade de emprego da mão-de-obra jovem local.

  By Elísio Muchanga

Segundo Amad Cheia Alide a empresa tem desenvolvido projectos de responsabilidade social que têm, de algum modo, ajudado as comunidades locais, nas áreas de educação, saúde, bem como o financiamento de projectos de geração de renda, porém este não é o suficiente pois há necessidade da empresa abranger mais as comunidades locais em termos de emprego.

 “A empresa está a fazer o que é possível, mas no tocante ao emprego a empresa precisa de fazer mais porque a população está ali a ver as pessoas de fora a entrar e trabalhar na empresa” disse o secretário permantente.

Para o secretário permanete de Moma, alguma coisa falta à empresa no sentido de, quando houver necessidade de empregar pessoal qualificado, ao invés de se fazer só o recrutamento fora da comunidade, poderia se pegar o pessoal local com 10 ou 12ª classe, fazer uma formação e aí “teríamos um pessoal qualificado pelo menos do nível médio e assim teríamos resolvido pelo menos 75 porcento do problema de desemprego”.

 Para este governante, a grande preocupação da população de Topuito especificamente aquela população que está ali próximo da Kenmare, é o emprego, “se for a acompannhar as grandes manifestações que existem por parte da população são relativamente ao emprego. Portanto, em relação a esta parte a empresa ainda tem muito trabalho por fazer”.  

Entretanto Alide afirma que o governo local já está a contactar a empresa de modo a resolver as preocupações da população, “nós já estamos a fazer ver a empresa que precisa de mudar a maneira de fazer o recrutamento de modo a acolher as preocupações da população de forma satisfatória e mudar o seu sentimento em relação à presença da empresa aqui.

Gabriel Terreto secretário do Bairro Mataka, um bairro com cerca de 2200 pessoas conta que a Kenmare já deu escola, posto de Saúde dois furos de água apesar de um não estar a funcionar porque já não tem água mas  prometeu reparar.

 De forma temida, o secretário do bairro de Mataka disse ao Magazine que ainda falta muita coisa prometida pela empresa dando maior ênfase ao emprego que, segundo este, muitos dos nossos filhos não estão a trabalhar e andam a deambular pelas machambas. A empresa prometeu vir escolher e até agora só veio buscar 8 pessoas para fazer biscates e não para trabalhar definitivamente.

 Ismael Assane, de 28 anos, comerciante e pai de 8 filhos, conta que foi beneficiário do projecto de geração de renda da KMAD que o concedeu um empréstimo de 65 mil meticais sem juros para o desenvolvimento do seu negócio, clama também pela falta de emprego na localidade.

Extracao de areas pesadas  em Moma
 
    Director de recursos humanos da kenmare rebate

O directror dos recursos humanos da Kenmare, Caetano Amurane, disse ao Magazine que é verdade que há muita gente que procura emprego e muita gente vem de diversas partes do país e apesar de as comunidades terem prioridade, a empresa não pode discriminar outros moçambicanos.

Há critérios de selecção da mão-de-obra pois existem aquelas áreas que precisam de mais especilização e a estas a empresa recorre à mão-de-obra externa e para aquelas posições que a empresa acha possível recrutar localmente faz sempre que for necessário.

  Amurane afirma haver dois grupos alvo dado que o nível académico na comunidade vai até a sétima classe, e com este nível fica claro que não há pessoas habilitadas literalmente em termos de capacidades científicas capazes de ocupar determinadas posições.

“Há caso de nativos que emigram e se formam fora mas quando voltam estes têm a oportunidade de emprego na empresa” explicou para depois acrescentar que “ há pessoas de fora que vêm a Topuito à procura de emprego e muitas das vezes não dizem que são de fora, juntam-se às comunidades e quando chega a hora de recrutar estas pessoas  geralmente constam das listas feitas pelos secretários dos bairros usadas para recrutamento local sempre que for necessário”.
 

O director dos Recursos Humanos da Kenmare deu a conhecer que neste momento a empresa está a empregar 1078 trabalhadores provenientes das comunidades próximas a zona de mineração, sendo que na sua maioria são provenientes de Angoche, Moma e Mogovolas e de outras partes do país mas são considerados locais.

 
 
“Há aqueles que vamos recrutar especificamente em Nampula neste momento temos cerca de 105 pessoas recrutadas em lá, mas há aqueles mais especializados que achamos que não podemos encontrar aqui e são num total de 252 pessoas recrutadas em Maputo” disse.

 No que diz respeito à mão-de-obra estrangeira a Kenmare tem no quadro de pessoal  170 estrangeiros que vêm  de diversas partes do mundo.

Porém, consta nos planos estratégicos da empresa, a redução de número de estrangeiros por nacionais, facto que, segundo Amurane, vai acontecendo gradualmente através dos programas de formação levados a cabo pela Kenmare.

 No recrutamento da mão-de-obra local Amurane avança haver desafios a ultrapassar. É que nas listas nominais para um possível recrutamento pela Kenmare sempre que houver vagas as comunidades clamam que estas listas são muito longas. É um facto porque cerca de 27 mil pessoas que estão à procura do mesmo emprego e nós não temos vaga para todas estas pessoas.

 Portanto o que acontece é que temos desafios em relação as listas nominais, é que quando aparece em janeiro as listas de um bairro que são longas recrutamos e pode nos levar seis meses ou um ano para nos absorvermos todas pessoas.

O que acontece é que devido a morosidade os secretários aparecem a dizer que as pessoas não estão a ser recrutadas e que deveriamos saltar as listas e recrutar pessoas indicadas pelos secretários facto que nos recusamos e apenas seguimos a lista so saltamos se a pessoas não esta disponivel.   

 “São estes desafios que temos com as comunidades de modo a evitar recrutar debaixo do cajueiro elas elaboram estas listas e nos fornecem” frisou.

 Sem dar detalhes o director de recursos humanos contou que vezes sem conta as populações param as máquinas de perfuração exigindo emprego e melhores condições facto que tem sido resolvido com a intervenção de líderes comunitários e, algumas vezes, com a intervenção da autoridade distrital.

 A Kenmare é uma empresa de mineração de origem irlandesa que se dedica à exploraçao de areas pesadas de Moma onde são extraídos três minérios, nomeadamente, rutilo, zircão e ilmenite. As instalações da Kenmare têm capacidade para produzir, anualmente, 800.000 toneladas de ilmenite, 56.000 toneladas de zircão e 21.000 toneladas de rútilo.

Dos mineirios extraidos pela Kenmare se destacam a ilmenite que é um minério de ferro e titânio e é utilizada na produção de pigmentos que sãousados nas indústrias plásticas e de tintas. O zircão é utilizado na indústria cerâmica. O rutilo éuma forma muito pura de dióxido de titânio essencial para a produção do metal titânio, que é utilizado num sem número de indústrias de alta tecnologia, como por exemplo no fabrico de aviões.

Para o presente ano, a Kenmare projecta contratar 1710 novos trabalhadores. No ano transacto o número de contratados foi de 1613.

 

 

 

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