CPLP lança
campanha “Juntos contra a fome”
A Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP) lançou semana finda, em Maputo, a campanha “Juntos contra
a fome”, um acto que tem como objectivo mobilizar fundos para a erradicação da
fome na CPLP, onde se acredita que a fome afecta cerca de 250 milhões de
pessoas, das quais 28 milhões sofrem de desnutrição crónica.
By Elísio Muchanga
Os
fundos, a serem angariados pela campanha, serão usados para a atribuição de
terras aos agricultores e cidadãos que queiram praticar a actividade agrícola
mas carecem de espaço para o efeito, bem como para a aquisição de insumos
agrícolas.
O lançamento da
campanha teve lugar à margem da XII Reunião Extraordinária do Conselho de
Ministros da CPLP, que contou com a participação do primeiro-ministro Alberto
Vaquina, que na ocasião disse não fazer sentido que a CPLP continue com 28
milhões de cidadãos afectados pela desnutrição crónica, se tivermos em conta
que ela provoca “défices graves de nutrientes indispensáveis ao crescimento
equilibrado das nossas crianças, afectando gravemente a sua capacidade de
aprendizagem escolar”.
Para o
primeiro-ministro, a quem coube o lançamento da campanha, ninguém pode dizer ou
achar que este desafio não lhe diz respeito; a fome, ela encontra-se ao virar
da esquina, no olhar da criança que vai à escola sem o pequeno-almoço e da mãe
que acorda sem saber se os seus filhos terão alguma refeição no dia que
amanhece.“Com preocupação notamos que as crianças que hoje enfrentam a desnutrição crónica são potenciais vítimas do insucesso escolar e amanhã serão, provável e infelizmente, adultos pobres. E é este ciclo de injustiça e predestinação ao fracasso que urge rompermos”, acrescentou.
Para Vaquina,
este é o momento de agir, porque “não podemos ficar indiferentes a uma
realidade que diz respeito a todos nós! Este momento solene constitui o
arranque da campanha ‘Juntos contra a fome’, que atingirá o seu auge a 16 de
Outubro, quando celebrarmos o Dia Mundial da Alimentação”.
Referiu que foi
com o objectivo de contribuir na erradicação da fome que Moçambique, quando
assumiu a presidência da CPLP, em 2012, elegeu a “Segurança Alimentar e
Nutricional” como lema central da sua presidência.
“A fome dói e mata. Marca negativamente gerações inteiras, descaracteriza o tecido social, adia sonhos e esperanças e mancha o processo e o desenvolvimento das pessoas, das comunidades e das nações. A fome também divide as pessoas e as nações”, disse.
Disse
ainda que as redes de telefonia móvel chegam aos recantos mais recônditos da
terra, mas continua a existir gente que não tem um prato de comida e, assim,
condenada a uma vida miserável ou uma morte inglória, despojada de direitos e
valores morais e sociais.
“Por cada pessoa
que morre nessas condições, a dignidade e grandiosidade da natureza humana e
dos seus avanços também ficam drasticamente abalados e diminuídos”, afirmou
Muteia.
O representante
da FAO explicou que os recursos resultantes desta campanha servirão para
complementar os esforços dos governos, dos seus parceiros, do sector privado e
da sociedade civil em geral.
“Queremos ajudar
os agricultores. Paradoxalmente, 80 porcento das pessoas que passam fome em
África são agricultores. Praticam uma agricultura rudimentar que não permite
sequer alimentar condignamente as suas famílias”.
O secretário executivo
da CPLP, Murade Murargy, que também é moçambicano, afirmou que a CPLP pretende
ter territórios livres da fome, com agricultores sem fome e crianças com um
futuro próspero.“São estes os três eixos nos quais em consonância com a estratégia de segurança alimentar e nutricional se baseia a Campanha da CPLP Juntos Contra a Fome”, disse Murargy, para de seguida afirmar que espera que a fome seja erradicada até 2025.
Em Moçambique, dados revelados pelo Ministério da Agricultura indicam que uma em cada duas crianças de idades compreendidas entre zero e cinco anos sofre de desnutrição crónica, fazendo quase 50 porcento de crianças afectadas.
O número total de pessoas que passam fome, ainda de acordo com o ministro da Agricultura moçambicano, José Pacheco, é de cerca de 300 mil, grande parte destas nas
zonas rurais.
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